Fuçando Fórmula 1 na internet como sempre achei um texto no site "jalopnik", sobre nosso amigo mulherengo James Hunt e descobri que por trás do conquistador de aeromoças temos também um outro James Hunt, confiram:
James Hunt: a luta contra o Apartheid que você não viu em
“Rush”
POR - PATRICK GEORGE - 25 SET, 2013 - 12:01
Hunt, campeão de Fórmula 1 cuja rivalidade com Niki Lauda
pelo título de 1976 está agora imortalizada no filme “Rush — No Limite da
Emoção”, de Ron Howard, também era ferrenho opositor da política racista do
Apartheid na África do Sul, e usou sua posição como comentarista de F1 para se
manifestar contra o regine. Não é algo de que as pessoas lembram quando pensam
em Hunt, mas talvez seja a hora de todos começarmos a fazê-lo.
Mas antes, vamos colocar tudo em contexto. A carreira de
Hunt na F1 foi de 1973 a 1979, período em que ele correu pela Hesketh, pela
McLaren e, por fim, pela Wolf. Excluídas algumas tentativas de voltar a correr,
Hunt passou a transmitir corrida de F1, no programa da BBC 2 “Grand Prix”.
Murray Walker |
Em outras palavras, Hunt manteve sua personalidade, e é por
isso que os fãs de corridas adoravam assisti-lo. Ele nunca teve medo de dizer o
que pensava em pleno ar, e isto incluía suas opiniões políticas — especialmente
quando o assunto era o Apartheid na África do Sul.
Mas antes de falar mais de Hunt, é importante falar do que
estava acontecendo naquele país na década de 80. Àquela altura, a opisição ao
Apartheid atingia seu pico, tanto dentro da África do Sul quanto em âmbito
internacional. A nação sofria com protestos e muita pressão do lado de fora,
mirando no sistema que empregava segregação racial e fornecia serviços
interiores a quem não era branco — tudo dentro da lei.
A maioria dos esportes deixou de realizara eventos na África
do Sul na metade da década de 80. A Fórmula 1 foi um dos últimos, embora várias
equipes tenham boicotado o GP da África de 1985. Hoje em dia aquela corrida é
uma nota de rodapé obscura na história da F1.
Hunt se opunha veementemente ao Apartheid, e uma vez deixou
isto claro no ar, para a preocupação dos oficiais da BBC. Eis um trecho de uma
história que Walker contou no Daily Mirror recentemente:
Uma vez estávamos cobrindo o GP da África durante o
Apartheid. De repente, e sem motivo em particular, ele começou a atacar o
Apartheid.
Não tinha nada a ver com o GP, e não faria bem às relações
entre o Reino Unido e a África. Nosso produtor escreveu em um pedaço de papel:
“Falem sobre a corrida!”
E aí James soltou: “Graças a Deus não estamos lá de
verdade!”
Esta última fala é ótima, porque Murray e a equipe não
gostaram de revelar a informação de muitas vezes eles não estavam cobrindo as
corridas ao vivo, e sim de um estúdio na Inglaterra.
Mas simplemente condenar o Apartheid não era o suficiente
para Hunt. Ele lutou para que seus comentários sobre as corridas fossem
bloqueados na África do Sul, mas não conseguiu. Então, secretamente, ele deu
suporte financeiro do seu próprio bolso para grupos que lutavam contra o
Apartheid na África do Sul.
Este é o comentário de um leitor do The Guardian sobre Hunt:
Durante os anos do Apartheid na África do Sul, eu organizei
uma reunião no centro de Londres para indivíduos ricos e fundações que
quisessem apoiar grupos que lutavam por mudanças no país. A reunião havia
acabado de começar quando a campanhia tocou. Um cara vagamente familiar se
desculpou pelo atraso e perguntou se podia estacionar sua moto no salão.
Demorou um pouco, mas a ficha caiu. Hunt era então comentarista de corridas de
F1 junto com Murray Walker. Ele não queria que seus comentários fossem
transmitidos na África do Sul, mas eles foram. Então ele enviou dinheiro para
grupos que eram contra o regime.
No fim, Hunt, que morreu de um ataque do coração aos 46
anos, em 1993, foi muito mais do que um piloto prodigioso que gostava de beber
e dormir com comissárias de bordo. Ele era um cara que lutava pelo que
acreditava e falava o que queria aguentando as consequências, mesmo que não
fosse visto com bos olhos.
Vamos começar a lembrar dele por isso, também.
Rômulo Rodriguez Albarez - SP/SP - Toda moeda tem dois lados!
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