Como todos sabem Mark Webber é um de meus pilotos favoritos,
ele não é um multi-campeão ou uma lenda do esporte, mas ele vê a Fórmula 1 de
um jeito mais humano, que respeita suas tradições, que é contra esse excesso de
burocracia ao qual o capitalismo impôs a categoria, ou seja, um Fórmula 1 que
não existe mais.
A despedida de um piloto que pode se orgulhar de sua
carreira é sempre especial, eu estava em Interlagos na despedida de David
Coulthard em 2008, o escocês que foi um piloto mais ou menos do mesmo calibre
de Mark, correu com uma Red Bull personalizada, foi bem legal, porém ele não
terminou corrida por problemas com o carro, e por coincidência, Webber era o
companheiro de Coulthard.
Despedida foi algo que faltou para pilotos como Giancarlo
Fisichella, Jarno Trulli, os italianos ainda tentavam vaga para o próximo ano e
quando se deram conta, estavam desempregados.
Talvez uma despedida foi a única coisa que faltou para
Rubens Barrichello, além do título claro.
Voltando a Mark Webber, o australianos fez de sua despedida
algo especial, algo que se tornou a imagem do GP Brasil e com certeza uma das
três imagens que mais marcaram no ano, ao tirar o capacete, na pista, voltando
para os boxes, Webber mostrou e provou tudo que ele vem tentando mostrar e
falar, foi algo épico, histórico e que representa muito mais do que
simplesmente um piloto com a cara no rosto.
Mark Webber esfregou na cara dos que comandam a Fórmula 1
que o fator "show", "espetáculo", "o que o público
quer e tem direito de ver" precisa voltar imediatamente para a Fórmula 1,
a categoria está ficando chata, os pilotos são humanos, o público quer ver
show, quer ver algo inesperado, quer ver zerinhos, piloto subindo na grade, o
público quer contato com a Fórmula 1 e toda a emoção que ela é capaz de dar.
Abaixo a entrevista de Webber sobre sua despedida com
direito a volta histórica e tombo no pódio:
“Não foi fácil separar o Hans do capacete, então eu passei
metade da volta tentando tirar o Hans. Eu consegui, mas os carros são muito
barulhentos quando se está sem capacete. Eu sei disso, estava realmente barulhento.
Você pode ouvir muitas coisas que você não quer ouvir com o capacete, com
certeza. Foi bom tirá-lo”, detalhou Webber.
“Neste esporte, nem sempre é fácil mostrar a pessoa que você
é por trás do volante. Podemos fazer isso em um monte de esportes, mas na
Fórmula 1, na qual sempre estamos de capacete. Foi bom pilotar sem ele. Você só
é visto sem capacete no pódio se tiver um bom dia, e nós dois (Webber e Vettel)
conseguimos. No fim, peguei um pouco de tráfego, então os comissários devem ter
se preocupado um pouco que eu não consegui virar para a esquerda. Mas no fim
das contas, foi tudo bem”, completou.
“Quero agradecer à equipe, eu realmente aproveitei as
últimas voltas. Foi uma grande maneira de terminar. Quero agradecer a todos na
Austrália – eu não estaria aqui se não fosse o apoio nos primeiros dias.
Aproveitei muito toda minha carreira. Foi uma grande jornada, da qual eu estou
orgulhoso, e há muitas pessoas que tiveram um papel fundamental na minha
carreira. Elas sabem quem são. Obrigado se vocês estão assistindo. Aproveitem a
Fórmula 1 no ano que vem com esses caras”, finalizou.
Mark Webber com certeza fará falta nessa Fórmula 1 cada vez
mais distante de seu público.
Rômulo Rodriguez Albarez - São Paulo/SP - sono!
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