quarta-feira, 26 de março de 2014

F1 - Sobre Michael Schumacher - E com a palavra, Gary Hartstein


Em tom melancólico, o ex-médico-chefe da Fórmula 1, Gary Hartstein avaliou o que ele imagina do atual estado de saúde de Michael Schumacher. Comentou que a postura adotada pela família, de privar o mundo do real estado do alemão, de certa forma acabou dando a chance aos fãs de se desapegarem e até aceitarem caso o heptacampeão não resista.
No próximo sábado, vai completar três meses desde o acidente em Méribel, quando o alemão caiu, bateu a cabeça em uma pedra e está desacordado desde então.

Gary fala sobre os tempos em que acompanhou de perto a carreira de Michael, a espera por notícias, o certo desapego e o sentimento de abandono que a postura da família ao privar o mundo de informações gerou:

“Sempre soube que Michael era adorado. Passei anos em circuitos cobertos de vermelho pelos bonés, bandeiras e camisetas da Ferrari, e tudo isso para Michael”, escreveu Hartstein. “Ainda estou impressionado com a profundidade e a persistência do amor dos fãs por ele”, comentou.


“E, enquanto me preocupava mais sobre o que aconteceria quando, e se, notícias realmente ruins forem anunciadas, percebi que talvez a falta de atualizações sobre a condição dele tenha nos dado a chance de seguir em frente um pouco, processar o que está acontecendo e começar a... desapegar”, ponderou. “E acho que este é, provavelmente, um dos benefícios “inesperados” da estratégia de mídia escolhida pela família de Michael. De alguma forma, sinto que as pessoas vão ficar bem, não importa o que aconteça, pois elas tiveram tempo para processar isso. Só lamento que para chegar até aqui, vocês todos tenham sentido abandono. Isso também vai desaparecer. Eu espero”, continuou Gary.
Gary Hartstein

Hartstein falou também sobre as notícias da perda de peso de Schumacher:

“Isso é inteiramente possível e, de fato, provável”, explicou Gary. “Primeiro, a lesão inicial, operações e aquelas lancinantes semanas em que a vida de Michael esteve por um fio, minuto após minuto. Este tipo de situação submete o corpo a um nível de estresse enorme. Não estresse psicológico, mas estresse físico, acompanhado pela liberação de uma grande quantidade de hormônios de estresse”, continuou.

“Esses hormônios evoluem para a resposta “luta ou fuga” e foram desenhados pela evolução para mobilizar prontamente combustível para ação. Eles fazem isso, com, entre outras coisas, perda de força muscular para formar aminoácidos, que o corpo pode usar como combustível”, detalhou.

“O problema é que quando esses hormônios de estresse ficam presentes durante muito tempo, fica muito difícil, se não impossível, recuperar a perda de massa muscular, ao menos em curto prazo”, indicou.

“Felizmente, as consequências não são particularmente dramáticas, ao menos imediatamente. Para ser franco, um paciente em coma não necessita realmente de seus músculos... Com exceção do diafragma”, falou. “O diafragma, que, assim como o coração, está quase sempre ativo, resiste à atrofia melhor do que os outros músculos, mas também atrofia. E ter uma máquina respirando por você é uma das melhores formas de ver como a atrofia difusa afeta o diafragma também. Infelizmente, e considerando (como fiz até agora) que Michael está sendo ventilado por um respirador, provavelmente existe algum nível de atrofia no diafragma neste ponto”, comentou.

O médico disse também que a condição física do alemão pode favorecer em caso dele acordar:

“Agora, lembrem-se de onde Michael está vindo – um dos homens de 45 anos mais em forma, tonificados e condicionados do planeta. Isso significa que se, e quando, ele foi retirado da ventilação mecânica, a recuperação de seu diafragma não deve ser problemática. Quanto ao restante de sua massa muscular, com ele acordado, o mesmo apetite feroz de se empenhar vai, sem dúvida, levá-lo de volta a sua antiga condição”, garantiu Hartstein.

Comentou também sobre o fato envolvendo a permanência de Schumacher em Genoble e o porque provavelmente o alemão não foi transferido parar a Alemanha como se imaginava que fosse feito:

“Também me perguntaram o motivo de Michael não ter sido transferido para um hospital mais próximo de sua casa. Obviamente, não tenho idéia de qual é a resposta para esta questão, mas vários fatores precisam ser considerados”, ponderou.

“Primeiro, do ponto de vista médico, uma vez que você sai da fase dramática e de elevada pressão intracraniana que ameaça a vida, e levando em conta outros problemas significativos que causam instabilidade fisiológica, o paciente pode ser transferido arbitrariamente para longe. Esta transferência precisa ser preparada com cuidado, claro, mas mesmo vôos de longa distância são possíveis com pacientes entubados, ventilados como Michael”, considerou.

“Então porque ele ainda está em Grenoble? Estou me baseando na noção de que Michael ainda está na Unidade de Terapia Intensiva, e ainda está sendo ventilado. Antes de mais nada, isso mostra claramente que seus familiares confiam totalmente na qualidade do tratamento que Michael está recebendo”, ressaltou.


Pra finalizar, Gary acredita que o coma de Michael Schumacher seja o de categoria persistente, que é quando a pessoa permanece desacordada e sem consciência.

“Normalmente, o coma é definido como persistente quando dura mais que dois meses após o evento inicial. Como informação, acredito que este é o status atual de Michael”, concluiu.

Rômulo Rodriguez Albarez - São Paulo/SP - lute Michael, lute!

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