quinta-feira, 1 de maio de 2014

E o meu 1º de maio de 1994 foi assim...

Sempre ouço dizer que todo mundo que viveu o 1º de maio de 1994 se lembra onde estava ou o que estava fazendo na hora do acidente do Ayrton Senna, e meu 1º de maio foi mais ou menos assim:
Minha mãe me acordou as 8:20 da manhã, me trocou (calça jeans, camiseta e jaqueta jeans).
As 8:50 eu já estava pronto e dê café da manhã tomado, agora era só ir para a Escola Bíblica Dominical na extinta igreja Assembléia de Deus da Rua Abagiba, Vila Vera, São Paulo.
Esse era o objetivo da minha mãe, me levar pra igreja, o meu era apenas assistir o Grande Prêmio de Ímola de 1994, eu era um garoto de 9 anos.
Desde muito pequeno, sempre gostei de Fórmula 1 e como de costume eu dava muito trabalho para ir à igreja nos domingos de Fórmula 1.
Naquela manhã eu estava ainda mais determinado em assistir a corrida, pois a repercussão do acidente de Rubens Barrichello e a morte de Roland Ratzenberger havia sido muito grande e eu estava focado em ver o grande prêmio, e claro, Ayrton Senna.
Sentei no beiral da cama no quarto da minha mãe, minha pequena bíblia estava ao meu lado, pois, como se lembram eu estava pronto para ir à igreja, segundo minha mãe.

A corrida começou, minha mãe me gritando pra sairmos e eu fingindo não ouvir, acidente na largada, algumas voltas de safety car e mais gritos da minha mãe e eu ali, firme, e tudo recomeçou na re-largada, primeira volta ok, Ayrton Senna em primeiro com Michael Schumacher (como eu secava ele) na cola em segundo e de repente uma frase, "...e Senna bate forte...".
Me lembro desse instante como se tivesse acontecido a 5 minutos atrás.
Arregalei os olhos e dei um grito, "MÃÃÃEEEEEE, O SENNA BATEU!!!".
E eu estava ali quando recebi a notícia, sentado no beiral do portão, os azulejos marrons ainda são os mesmos.
Me lembro d agonia do Galvão Bueno ao narrar a imagem do carro destruído com um Ayrton Senna imóvel, sem atendimento médico, eternos segundos, nessa altura eu já estava em pé na frente da TV, com minha mãe, pai e irmã no quarto, todos imóveis observando, meu herói ali, morrendo ao vivo na TV, na frente do mundo, e eu chorei.
Chorei enquanto Ayrton era atendido, suas pernas esticadas, o helicóptero pousando, pilotos aflitos sem saber de notícias, o mundo parou naquele momento.
O helicóptero se foi, levando o corpo do nosso campeão, ele estava morrendo aos poucos e minha mãe "venceu", a corrida recomeçou novamente e fomos para a igreja.

Devido o atendimento do Senna ao vivo, chegamos atrasados na igreja, não lembro de nada, apenas que como de costume eu iria almoçar na casa do meu primo, mas naquele dia não teve bicicleta, não teve futebol e nem video-game. Ficamos na frente da TV acompanhando as notícias, uma pior que a outra, até que decidimos ia pra calçada, sentamos e ficamos conversando quando chega o vizinho e diz: "Vocês viram, o Senna morreu...".Não respondi nada, corri pra dentro sem acreditar e vi na TV, a repetição do áudio do Cabrini informando que Ayrton havia partido, e então chorei.
Fiquei em frente a TV o resto do dia, a noite voltei para a igreja no culto da noite, o culto parecia um funeral, no fundo era.
Voltei pra casa, chorei e dormi.

Rômulo Rodriguez Albarez - São Paulo/SP - #sennasempre

2 comentários:

  1. Walter Zulin Junior15 de maio de 2014 às 17:57

    Realmente quem vivenciou este dia jamais esquecerá, não me lembro com tanta riqueza de detalhes, me lembro da hora que soube do acidente (eu não estava em casa) de acompanhar durante o dia as informações e de chorar muito com a confirmação da morte

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  2. Cara. Meu 1° de maio foi bem parecido com o seu. A diferença q fui atravessar a rua da minha avó chorando p ir vê a TV e confirmar a notícia. E fui atropelado. Rsrsrs

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