Sensacional a
notícia da confirmação da Sauber contratando a colombiana Tatiana Calderón como
piloto (ou pilota) de testes. E a confirmação da notícia vem um dia após a
polêmica declaração da Carmen Jordá sobre a impossibilidade das mulheres
pilotarem um carro de F1 por uma barreira física.
Esse que vos
escreve agradece muito a Sauber por isso, é maravilhoso termos Tatiana da
Fórmula 1 e mais uma vez, Carmen Jordá mostra o tamanho do erro da FIA em
elegê-la como representante da Comissão de Mulheres no Esporte a Motor da FIA.
Ao anunciar
tal cargo para Jordá, e entidade máxima do automobilismo se viu em meio a
críticas de várias pilotas. A insatisfação foi maciça devido a pouca
experiência da espanhola em corridas e principalmente por suas opiniões um
tanto controversas com relação às mulheres no automobilismo.
Algumas
pilotas se manifestaram na época:
Pippa Mann (Fórmula
Indy)
"É
extremamente desapontador saber que uma pilota sem resultados importantes em
qualquer categoria nas quais esteve, e que não acredita que mulheres possam competir
(no mesmo nível), tenha sido indicada para a Comissão de Mulheres. É
desanimador e representa um passo atrás da FIA. O mais preocupante é pensar se
essa indicação representa o que a FIA acredita sobre mulheres no esporte a
motor"
Tatiana Calderón (Fórmula 1)
Tatiana Calderón (Fórmula 1)
"Porque
a maioria das mulheres do esporte a motor discorda de suas visões. Claro que
podemos competir no mais alto nível e não precisamos de um campeonato feminino."
Jamie
Chadwick (Fórmula 3)
“Sei que
posso competir com homens. Se uma mulher com a quantidade certa de talento e dinheiro
aparecer, pode sim competir na F1"
Tatiana
Calderón, em uma entrevista hoje após a confirmação da Sauber ressaltou:
"Obviamente, eu ainda não guiei um carro de F1
propriamente, mas eu não tive problemas com o carro da GP3, que é um carro
muito complexo. E também não tive nenhum problema com nenhuma outra categoria.
Na verdade, acho que a questão está na sua preparação para chegar aqui. Você
precisa treinar muito duro, porque existe uma diferença de massa muscular em
relação aos homens, mas isso não quer dizer que a gente não possa compensar
isso com treino. Não é uma barreira”.
E completou, “Acho que, muitas vezes, as pessoas subestimam
as categorias menores quando o assunto é parte física. Eu guiei muito tempo na
F3 e o carro tem grande downforce e potência, e é um carro difícil de guiar. O
GP3 não tem direção elétrica, nada. E é muito complicado, tem um grande esforço
no pescoço. Então, estamos sempre melhorando o treinamento. Mas eu me sinto
pronta para dar esse passo adiante".
Alguns ex-pilotos de
Fórmula 1 também criticaram a opinião de Carmen Jordá, um dele foi o
campeão mundial de 1996, Damon Hill, o inglês disse:
“O problema não é o
seu corpo. O problema é a mente. Alguém ouviu falar de Catherine Destiville?
Força, bravura e nervos de aço. E Lizzy Arnold? Mikaela Shiffrin?”
Jenson Button, campeão
de 1999 saiu um pouco da sua conhecida simpatia e foi mais duro nas palavras:
“Oh Carmen, você não
está ajudando corredoras femininas com esse comentário. Pergunte a Danica
Patrick sobre ser forte o suficiente para pilotar um carro de corrida! Ela
poderia chutar meu traseiro na academia e ser tão forte quanto qualquer piloto
de Fórmula 1 agora. Barreira física não é seu problema, Carmen.”
Finalizando, mesmo que
sem querer a notícia da contratação de Tatiana Calderón mostra o quão equivocada
foi a escolha da FIA por Carmen Jordá e acima de tudo, mostra que sim, mulheres
podem competir de igual pra igual contra os homens em um esporte a motor.
Esse que vos escreve
concordaria se fosse o caso de um esporte onde o corpo é a máquina, concordaria
que mulheres não podem jogar futebol, vôlei, basquete ou qualquer outro esporte
do tipo por diferenças óbvias, mas em um esporte onde se senta atrás de um
volante, oh Carmen, você está errada.
Voltando ao assunto da
contratação de Tata Calderón, a colombiana demonstrou muito otimismo e cautela
com os próximos passos:
"Estou muito
animada. Acho que sei quais são os passos que preciso dar agora e vou fazer
tudo devagar. E estou muito feliz que a equipe viu o potencial que eu tenho e
me deu a oportunidade de seguir progredindo. Então, tudo que posso fazer é dar
o meu melhor para me certificar de que eles vão poder abrir as portas para
mim".
Boa sorte Tata, e
mostre ao mundo que Maria De Villota estava certa.
Rômulo Rodriguez Albarez - São Paulo/SP - 166